O
horizonte da missão
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Mas
se conferimos mais de perto a dinâmica da vida cristã e eclesial, percebemos
uma espécie de inversão operacional. A missão desencadeia um dinamismo, que
acaba incidindo sobre a própria Igreja. Ela passa a se regular em vista da
missão que ela tem a cumprir.
Daí
a insistência do Papa. E a missão que vai desencadear e sustentar o processo de
renovação eclesial. E retomando a missão que a Igreja vai reencontrar sua
própria identidade.
E
por este prisma que o Papa Francisco avalia o que aconteceu na Conferência de
Aparecida. Ela se diferencia das outras Conferências já acontecidas, em
Medellín, Puebla e Santo Domingo. As outras, culminaram num texto, com sua
riqueza de conteúdo, mas também com seu risco de esquecimento. Ao passo que em
Aparecida o desfecho foi outro. Ficou relativizado o texto, tanto que havia a
hipótese de nem redigir texto algum. Mas ficou ressaltado o compromisso com a
missão, como foco a ser conferido, de maneira dinâmica e permanente. A
Conferência de Aparecida, de fato, convergiu para, no seu final, lançar o
desafio da “missão continental”.
Não
estava ainda claro o alcance e a fisionomia que poderia ter a tal de “missão
continental”. E ainda não está. Mas o fato é que Aparecida indicou para a
Igreja o caminho certo para a sua constante renovação: é o caminho da missão.
Quando
colocamos a missão como nossa motivação, entramos na área de competência da
graça de Deus. Se é “em nome do Senhor” que nos propomos a agir, é porque nos
sentimos a serviço da causa do Senhor. Em conseqüência nos colocamos na
dependência da eficácia de sua graça.
Na
história houve, certamente, alguns equívocos sérios em torno da Evangelização.
Dá para fazer uma importante constatação: quando a Igreja fez da evangelização
uma “conquista”, impondo sobre os povos um domínio cultural e político, ela
confiou no seu poderio humano, e não na força libertadora do Evangelho. Assim
fazendo, ela não anunciou o Evangelho livremente, como São Paulo. Mas cobrou
uma pesada conta, nem tanto em benefícios que ela recebeu, mas no prejuízo que
ela provocou nos povos, a quem ela anunciou um “evangelho” deformado pela
submissão exigida dos povos “conquistados”.
Quando
a Igreja não se deixa converter pelo Evangelho que ela prega, ela acaba se
pervertendo a si mesma, e aos povos por ela “submetidos” a um evangelho
deturpado.
E
diante da missão que a Igreja experimenta a absoluta necessidade de continuar
se convertendo. Assim, a missão, voltada para fora da Igreja, acaba se voltando
para a própria Igreja, que se torna, também ela, destinatária do Evangelho de
Cristo.
De
tal modo que, na Igreja, o chamado vem sempre ligado ao envio, a comunhão é
sempre vinculada à missão. Assim a Igreja é sempre estimulada a levar aos
outros o que ela mesma vive.
O Evangelho anunciado precisa
ser um Evangelho vivido.
Dom Luiz Demétrio Valentini
Colunista do Portal Ecclesia
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