"Toda criança não nascida tem a face de
Jesus", afirma o Papa a médicos católicos
O
Papa Francisco recebeu esta sexta-feira, 19, no Vaticano, os participantes do X
Encontro da Federação Internacional das Associações Médicas Católicas. De 18 a
22 de setembro, médicos de todo o mundo debatem em Roma o tema
"Catolicismo e cuidados maternos".
Em
seu discurso, o Pontífice propõe três reflexões, sendo a primeira delas a
"situação paradoxal" que se assiste hoje em relação à profissão
médica. De um lado, os progressos da medicina e, de outro, o perigo de que o
médico perca a sua identidade de servidor da vida.
"A
situação paradoxal se constata no fato de que, enquanto se atribuem novos
direitos à pessoa, nem sempre se tutela a vida como valor primário e direito
primordial de todo homem. O fim último do agir médico permanece sempre a defesa
e a promoção da vida".
Neste
contexto contraditório, a Igreja apela à consciência de todos os profissionais
e voluntários da saúde, de modo especial aos ginecologistas, chamados a
colaborar ao nascimento de novas vidas humanas.
Uma
mentalidade difundida do útil, a "cultura do descartável", que hoje
escraviza o coração e a inteligência de muitas pessoas, tem um custo altíssimo:
pede que se eliminem seres humanos, sobretudo se fisicamente ou socialmente
mais fracos. A nossa resposta a esta mentalidade é um "sim" à vida,
convicto e sem hesitações. As coisas têm preços e podem ser vendidas, mas as pessoas
têm dignidade, valem mais do que as coisas e não têm preço. Por isso, a atenção
à vida humana na sua totalidade se tornou nos últimos tempos uma prioridade do
Magistério da Igreja.
No
ser humano frágil, afirma ainda Francisco, cada um de nós é convidado a
reconhecer a face do Senhor, que na sua carne humana experimentou a indiferença
e a solidão às quais frequentemente condenamos os mais pobres, seja nos países
em desenvolvimento, seja nas sociedades opulentas. Toda criança não nascida,
mas condenada injustamente ao aborto, tem a face do Senhor, que antes mesmo de
nascer, e logo recém-nascida, experimentou a rejeição do mundo. E cada idoso,
mesmo se doente ou no final de seus dias, traz consigo a face de Cristo. Não
podem ser descartados!
O
terceiro aspecto, disse o Papa, é um mandato: sejam testemunhas e difusores
desta "cultura da vida". Ser católico comporta uma maior
responsabilidade, antes de tudo para consigo mesmo, pelo empenho de coerência
com a vocação cristã, e depois para com a cultura contemporânea, para
contribuir a reconhecer na vida humana a dimensão transcendente, o vestígio da
obra criadora de Deus, desde o primeiro instante da sua concepção. Trata-se de
um empenho de nova evangelização que requer, com frequência, ir contra a corrente,
pagando pessoalmente. O Senhor conta com vocês para difundir o "evangelho
da vida".
Nesta
perspectiva, afirmou ainda o Pontífice, os departamentos de ginecologia são
locais privilegiados de testemunho e de evangelização.
"Queridos
médicos, vocês que são chamados a se ocuparem da vida humana em sua fase
inicial, lembrem a todos, com fatos e palavras, que esta é sempre, em todas as
suas fases e em todas as idades, sagrada e sempre de qualidade. E não por um
discurso de fé, mas de razão e de ciência! Não existe uma vida humana mais
sagrada do que outra, assim como não existe uma vida humana qualitativamente
mais significativa de outra. A credibilidade de um sistema de saúde não se mede
somente pela eficiência, mas sobretudo pela atenção e pelo amor dispensados às
pessoas, cuja vida é sempre sagrada e inviolável", concluiu Francisco,
recordando aos médicos que jamais deixem de pedir ao Senhor e à Virgem Maria a
força de realizar bem o seu trabalho e testemunhar com coragem o
"evangelho da vida".
Fonte: NEWS.va