Servir
primeiro a Deus!
"Ninguém
pode servir a dois senhores, porque ou
odiará um e amará o outro, ou se apegará
a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro"(Cf.
Lc. 16,13).
O
nosso testemunho individual e comunitário deve mostrar ao mundo que as riquezas
materiais, o ajuntar dinheiro, a avareza, não podem ser o valor último a
orientar toda a vida humana. Ao contrário, quem coloca o dinheiro como o centro
de sua vida, "com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus
negócios do que os filhos da luz"(cf. Lc 16,8). Por isso muitas vezes
observamos que as pessoas que não tem fé se dão melhor em seus negócios, porque
não recolhem impostos, porque são desonestos, porque não tem a honestidade como
regra de vida. Por isso o próprio profeta Amós nos adverte, com a sua palavra
bem atual, parecendo que esta primeira leitura da liturgia foi escrita para os
dias de hoje: "E o sábado, para darmos pronta saída ao trigo, para
diminuir medidas, aumentar pesos e adulterar balanças, dominar os pobres com
dinheiro e os humildes com um par de sandálias, e para pôr à venda o refugo do
trigo?” (cf. Am 8,5-6).
As
pessoas, que de alguma maneira ou forma, detêm a responsabilidade pelo bem
comum das pessoas, devem exercitar o seu ofício com sensibilidade aos
ensinamentos de Cristo, indo ao encontro dos mais humildes, sofredores e
necessitados. Não nos deixemos levar pela tentação da riqueza, do poder, da
opressão. Porque não é só o dinheiro que oprime. O poder despótico oprime mais
do que aqueles que compram, com dinheiro ou com respostas financeiras, as
pessoas: "E eu vos digo: usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois,
quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas
coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é
injusto nas grandes. Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro
injusto, quem vos confiará verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos
outros, quem vos dará aquilo que é vosso?” (Cf. Lc 16,9-12).
Quem
coloca o dinheiro como centro da sua vida, quem coloca o poder para oprimir os
demais, como obsessão, é chamado a abrir o seu coração à graça divina e
reconhecer que somente em Deus encontramos a verdadeira segurança. Tenho
observado a obsessão de algumas pessoas, dentro da Igreja, na contra mão da
misericórdia ensinada pelo Papa Francisco, a destruir as pessoas que lhe fazem
sombras ou que lhe incomodam na sua insignificância. Da mesma maneira que estas
pessoas usam de dinheiro para comprar posições, amizades e para perseguir, se
esquecem que da mesma maneira que feri o outro com ferro será ferido da mesma
maneira: "Quem com ferro feri com ferro será ferido!".
Ouçamos
pois, a advertência de que o dinheiro e o poder não combinam com Jesus, para
que saibamos cada vez mais nos desapegar dos bens materiais e, como disse meu
irmão Dom Hugo Maria, bispo emérito de Almenara: "desapegar da
"mitrinha", da "mentalidade principesca" e da obsessão em
perseguir o outro", para testemunhar, como nos ensina Jesus e o Papa
Francisco a MISERICÓRDIA, a FRATERNIDADE, a JUSTIÇA, a PAZ e a FÉ.
Quem
não serve a Deus nos irmãos e quem não acolhe o irmão, deixando o seu passado
de lado, olhando para frente, não pode ser cristão, não pode comungar e não
pode atualizar os mistérios sagrados. Sejamos ministros da misericórdia e do
serviço generoso!
Dom Eurico dos Santos Veloso
Colunista do Portal Ecclesia.