Mudança de estação
A seca e o calor
destes dias, em todo o Brasil, nos fazem experimentar de maneira mais intensa o
fenômeno natural da mudança de estação. Às vezes o contraste impressiona . A
natureza sabe nos surpreender. E de um momento para outro, da angústia se passa
para o alívio.
Quando finalmente
aparece a estação das chuvas, a natureza reencontra suas energias. E se abrem
novas possibilidades de lançar as sementes.
O que se passa na
natureza, pode acontecer com a Igreja, pode acontecer com a sociedade.
Precisamos estar atentos à “propícia estação”.
Nestes dias está se
completando um ano da renúncia do Papa Bento 16, e da eleição do Papa
Francisco.
Se acionamos a
memória, e olhamos o que se passou neste ano, nos damos conta da intensidade
dos acontecimentos, e da força que os aglutina, como frutos de uma inesperada
primavera eclesial.
Basta recordar o
impacto positivo provocado pela renúncia de Bento 16. E sobretudo a repercussão
que teve a eleição do Papa Francisco, com seus gestos iniciais, carregados de
simbolismo, sinalizando a retomada do impulso renovador desencadeado pelo
Concílio, mas que vinha perdendo força na medida das dificuldades de sua
implementação.
De fato, dá para
dizer que começou uma nova estação para a Igreja. Sobretudo pela figura, pela
força moral, e pelo testemunho do Papa Francisco. Ele teve a grande intuição de
relançar o projeto de renovação da Igreja, levando em conta o esforço já feito,
mas contando sobretudo com os ventos favoráveis do momento que a Igreja passou
a viver, a partir da inesperada renúncia do Papa Bento, e também da inesperada
eleição do Papa Francisco.
Como acontece com a
natureza, a força de renovação brota de dentro, mas a colheita depende muito do
que o agricultor semear, no tempo oportuno, favorecido pelas circunstâncias, no
clima propício de nova estação.
Já passou um ano
deste novo ciclo que a Igreja vem vivendo; Aguardam-se para este segundo ano
algumas iniciativas de ordem mais estrutural Elas servirão de alento para
mudanças mais significativas da organização da Igreja, visando incentivar sua
missão de ser portadora da mensagem evangélica para todas as pessoas, em
qualquer situação que se encontrem.
Comparando agora com
a situação da sociedade, parece haver um claro contraste. Cabe à saberia
política, orquestrar os acontecimentos, de tal modo que se valorize o que
existe de positivo, e se coíba o que prejudica o bem comum.
O que não se pode é
deixar que as coisas aconteçam, para depois correr atrás do prejuízo. Como na
agricultura: se deixamos a natureza por conta própria, o inço acaba tomando
conta de tudo.
Como nação
brasileira, nesta época de grandes possibilidades de crescimento com maior
justiça social, somos chamados a ser bons agricultores. Vamos cuidar das boas
sementes, e neutralizar o inço daninho.
Vamos assumir os
valores, vamos coibir os abusos. Não vamos permitir que se transforme em
inverno a primavera que recém começou.
Dom Luiz Demétrio Valentini
Colunista do Portal Ecclesia.
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