Padre e psicólogo comentam problemática do suicídio
Neste mês de outubro, a intenção de
oração geral do Papa
Francisco traz à tona a problemática do suicídio. O Santo Padre reza por todos
os que estão desesperados a ponto de desejar o fim da própria vida, para que
sintam a proximidade de Deus.
Mas o que leva uma pessoa ao suicídio? Segundo o psicólogo João
Carlos Medeiros, que trabalha com psicologia há 20 anos, os motivos podem
variar de uma frustração a transtornos psiquiátricos. Especialmente o “vazio”
de um mundo secularizado pode levar ao esvaziamento existencial e à depressão,
causando desespero maior como o suicídio.
João explica que, por algum desses dois fatores, a mente da
pessoa entra em tal estado que ela acha melhor a morte como solução para um
problema que ela tem em vida.
“Ela não percebe as consequências que isso pode gerar na vida
dela ou então na vida das pessoas que vão ficar. Ela não se dá conta disso. Ela
está em uma frustração muito grande, em um vazio existencial e não vê sentido
na vida”.
O sentido que a vida tem hoje é um dos pontos destacados pelo
padre Mário Marcelo Coelho, sjc, doutor em teologia moral. Ele explica que
quando o sentido da vida é colocado em algo material que não é alcançado, isso
causa frustração. Entretanto, mesmo quando se consegue o que queria, isso não
leva à uma realização, e a pessoa se frustra da mesma maneira.
"Tanto é que um grande índice hoje de pessoas que têm
depressão, tristeza e chegam até mesmo ao suicídio são de países ricos. Então
não é o bem material que vai trazer uma satisfação pessoal", destaca o
sacerdote.
Posição da Igreja
A Igreja trata da questão do suicídio no Catecismo da Igreja
Católica (CIC), especificamente nos números 2280, 2281 e 2282. Uma das
primeiras considerações é de que a vida é um valor e precisa ser respeitada. O
padre explica, então, que é preciso cada um reconhecer a vida como um dom de
Deus, sentindo-se administrador dessa vida e não seu proprietário.
“Nós não podemos dispor dessa vida. O suicídio contradiz a própria
inclinação pessoal do ser humano, de perpetuar e conservar a sua vida, e ele
fere gravemente o amor a si mesmo, o dom que Deus deu, que é a própria vida”,
pontuou o sacerdote.
Objeto de atenção devem ser, então, segundo o padre, as causas
que levam ao suicídio, que podem ser variadas, conforme já citou o psicólogo.
Esses são fatores que podem, inclusive, anular a responsabilidade da pessoa
diante do suicídio.
“Mesmo sendo um atentado contra a vida, a responsabilidade da
pessoa pode ser diminuída. Portanto, o que a Igreja pede? Fazer um discurso
valorizando a vida e ajudar as pessoas que passam por momentos difíceis a darem
um sentido à sua própria vida”, disse padre Mário.
O sacerdote esclareceu que mesmo a pessoa que cometeu suicídio
pode ser salva, inclusive essa é uma questão que a Igreja pede em seus
documentos. Ele citou como exemplo o número 2283 do Catecismo: “Não se deve
desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que
só Ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora
pelas pessoas que atentaram contra a própria vida”.
E a Igreja pede um carinho e atenção para com a família de quem
cometeu suicídio, pois em muitos casos os familiares acabam se
responsabilizando pelo que acontece. “Rezar, pedir que a misericórdia de Deus
desça sobre a família e sobre a pessoa que se matou”, finalizou o padre.
Fonte: Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário