Quaresma: um convite à conversão
Desde
a quarta-feira de cinzas estamos vivendo o tempo da quaresma. Conforme o
convite que nos foi feito na hora da imposição das cinzas, é tempo de
fortalecer a fé no evangelho e converter-nos: “Convertei-vos e crede no
Evangelho”!
Em
sua homilia no dia 05 de março, o santo Padre Francisco destacava as palavras
do profeta Joel (2,13): “Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes”. Desta
forma a liturgia da quarta-feira de cinzas nos introduz na quaresma, “indicando
a conversão do coração como característica deste tempo de graça”. Esta
conversão nos deve levar a abrir os olhos, os ouvidos e o coração para Deus e
para os irmãos.
Para
empreender o caminho da conversão, o Evangelho de Mateus (6,1-18) indica a
oração, o jejum e a esmola. A quaresma, diz o papa, “é tempo de uma oração mais
intensa, mais prolongada, mais assídua, mais capaz de fazer-se portador das
necessidades dos irmãos, intercedendo a Deus por tantas situações de pobreza e
sofrimento”.
A
quaresma é tempo de jejum. O papa nos alerta que não podemos praticar um jejum
formal que, “na verdade, nos deixa satisfeitos”. O jejum tem sentido “se
verdadeiramente abala nossa segurança e nos ajuda a cultivar o estilo do bom
samaritano que se inclina para o irmão em dificuldade e se ocupa com ele”.
Comporta a decisão por “uma vida que não esnoba, uma vida que não descarta”.
O
terceiro caminho da conversão é a esmola. “Ela indica a gratuidade, porque na
esmola se dá a alguém de quem não se espera receber nada em troca”. Numa
sociedade onde tudo é cálculo e medida, onde tudo é vendido e comprado, “a
esmola nos ajuda a viver a gratuidade do dom, que é liberdade frente à obsessão
de possuir, do medo de perder o que se tem, da tristeza de quem não quer
repartir com os demais o próprio bem estar”.
Na
mensagem para todos as comunidades cristãs, o papa afirma que a quaresma “é um
tempo propício para o despojamento e nos fará bem questionar-nos acerca do que
nos podemos privar para ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza”. Não
esqueçamos, diz o Papa, “que a verdadeira pobreza dói, e não seria válido um
despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa
nem dói”.
Aproveitemos
estes dias de preparação para a Páscoa para revisarmos o nosso modo de viver a
fé e seguir a Jesus Cristo. Façamos isso com os olhos voltados para Deus e o
coração aberto para as necessidades das irmãs e dos irmãos. Não podemos ser
seguidores de Jesus Cristo enquanto o nosso coração não se condoer com as
pessoas que sofrem.
Com
o Papa Francisco, peçamos a graça do Espírito Santo, para que ele “reforce em
nós a atenção e solicitude pela miséria humana, para nos tornarmos
misericordiosos e agentes de misericórdia”.
Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
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