Vida
de fé é intimamente ligada à caridade, lembra Papa
“Eu
me envergonho da carne do meu irmão, da minha irmã?”. Essa foi uma das
perguntas que caracterizou a homilia do Papa Francisco na Missa desta
quinta-feira, 7, na Casa Santa Marta. O Santo Padre ressaltou que a vida de fé
está intimamente ligada a uma vida de caridade para com os pobres, sem a qual o
que se professa é só hipocrisia.
Francisco concentrou-se sobre o que é o
verdadeiro cristianismo. Não se trata de uma regra sem alma, um prontuário de
observações formais para aqueles que vestem uma face boa de hipocrisia para
esconder um coração vazio de caridade. O cristianismo, segundo ele, é a própria
“carne” de Cristo que se curva sem envergonhar-se sobre aquele que sofre.
Para explicar esta
contraposição, Papa Francisco retomou o diálogo presente no Evangelho do dia,
entre Jesus e os doutores da lei. Estes criticam os discípulos pelo fato de não
respeitarem o jejum, diferente deles e dos fariseus. O fato, diz o Papa, é que
os doutores da lei tinham transformado a observância dos Mandamentos em uma
“formalidade, transformando a vida religiosa em uma “ética” e esquecendo a
raiz, isso é, a história de salvação, de aliança.
“Receber do Senhor o amor de um Pai, receber
do Senhor a identidade de um povo e depois transformá-la em uma ética é
rejeitar aquele dom de amor. Esta gente hipócrita são pessoas boas, fazem tudo
aquilo que se deve fazer. Parecem boas! Perderam o sentido de pertença a um
povo! A salvação, o Senhor a dá dentro de um povo, na pertença a um povo”.
O verdadeiro jejum
No entanto, o profeta
Isaías, no trecho recordado na Primeira Leitura, descreveu com clareza qual é o
jejum segundo a visão de Deus, observou Francisco: quebrar as cadeias injustas,
desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, dividir o pão
com quem tem fome, acolher em casa os sem teto. Este é, segundo o Papa, o jejum
que Deus quer, um jejum que se preocupa com a vida do irmão, que não se envergonha
da carne do irmão.
“O nosso maior ato de
santidade está justamente na carne do irmão e na carne de Jesus Cristo. O ato
de santidade de hoje, aqui, no altar, não é um jejum hipócrita: é não se
envergonhar da carne de Cristo que vem aqui hoje! É o mistério do Corpo e do
Sangue de Cristo. É dividir o pão com quem tem fome, cuidar dos doentes, dos
idosos, daqueles que não podem nos dar nada em troca: isso é não se envergonhar
da carne!”.
Isto significa que o
jejum mais difícil é o jejum da bondade, afirmou o Papa. É o jejum de que é
capaz o Bom Samaritano, que se curva sobre o homem ferido. Esta é a proposta da
Igreja hoje: “eu me envergonho da carne do meu irmão, da minha irmã?”,
questionou.
“Quando eu dou
esmola, deixo cair a moeda sem tocar a mão? E se por acaso a toco, faço assim,
rápido? Quando eu dou esmola, olho nos olhos do meu irmão, da minha irmã?
Quando sei que uma pessoa está doente, vou encontrá-la? Saúdo-a com ternura? Há
um sinal que talvez nos ajudará, é uma pergunta: sei acariciar os doentes, os
idosos, as crianças ou perdi o sentido da carícia? Estes hipócritas não sabiam
acariciar! Esqueceram-se disso…Não se envergonhar da carne do nosso irmão: é a
nossa carne! Como fazemos com este irmão, com esta irmã, seremos julgados”.
Fonte: Canção Nova
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