Por
que devo me confessar?
O coração do homem apresenta-se pesado e endurecido. É
preciso que Deus dê a ele um coração novo. A conversão é, antes de tudo, uma
obra da graça divina, que reconduz nosso coração a Ele: “Converte-nos, a ti,
Senhor, e nos converteremos” (Lm 5,21). O Senhor nos dá a força de começar de
novo. É descobrindo a grandeza do amor de Deus que nosso coração experimenta o
horror e o peso do pecado e começa a ter medo de ofender o Altíssimo pelo mesmo
pecado e de ser separado d'Ele. O coração humano converte-se olhando para
aquele que foi transportado por nossos pecados (CIC 1432).
O pecado é uma palavra, um ato ou um desejo contrário à
lei eterna; “é uma falha contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma
falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um
apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade
humana.” (cf. CIC 1849). Por esse motivo, a conversão traz, ao mesmo tempo, o
perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, e é isso que o Sacramento da
Penitência e da Reconciliação exprime e realiza liturgicamente.
A confissão dos pecados graves e veniais
Cristo instituiu o sacramento da penitência para todos os
membros pecadores de Sua Igreja, antes de tudo, para aqueles que, depois do
batismo, cometeram pecado grave e, com isso, perderam a graça batismal e
feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da penitência oferece
uma nova possibilidade de se converter e recobrar a graça da justificação (CIC,
1446).
Comete-se um pecado grave quando, mesmo conhecendo a lei
de Deus, se pratica uma ação voluntariamente contra as normas prescritas nos
dez mandamentos (cf. CIC 1857-1861).
O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem
por uma infração grave da lei de Deus; desvia-O de Deus, que é seu fim último e
sua bem-aventurança, preferindo um bem inferior.
O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital que é
a caridade, exige uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão
do coração, que se realiza normalmente no sacramento da reconciliação (CIC 1855,
1856).
A declaração dos pecados ao sacerdote constituiu uma
parte essencial do sacramento da penitência: “Os penitentes devem, na
confissão, enumerar todos os pecados mortais de quem têm consciência depois de
examinar-se seriamente, mesmo que esses pecados sejam muito secretos e tenham
sido cometidos somente contra os dois últimos preceitos do decálogo, pois, às
vezes, esses pecados ferem gravemente a alma e são mais prejudiciais do que os
outros que foram cometidos à vista e conhecimento de todos” (CIC, 1456).
Todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é
obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano.
Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado
mortal não deve receber a sagrada comunhão, mesmo que esteja profundamente
contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental, a menos que tenha
um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor (cf.
CDC, 916; cf. CIC, 1457).
O pecado venial (pecado ou falta leve), mesmo não
rompendo a comunhão com Deus, “enfraquece a caridade, traduz uma afeição desordenada
pelos bens criados, impede o progresso da alma no exercício das virtudes e a
prática do bem moral; merece penas temporais. O pecado venial deliberado e que
fica sem arrependimento nos dispõe, pouco a pouco, a cometer o pecado mortal”
(CIC, 1863).
Por isso, a Igreja vivamente recomenda a confissão
frequente desses pecados cotidianos (CDC 988). A confissão regular dos pecados
veniais ajuda-nos a formar nossa consciência, a lutar contra nossas más
inclinações, a deixar-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito.
Recebendo mais frequentemente, por meio deste sacramento, o dom da misericórdia
do Pai, somos levados a ser misericordiosos como Ele (cf. LG 40,42; CIC, 1458).
“Mesmo se a Igreja não nos obriga à confissão frequente,
a negligência em recorrer a ela é, pelo menos, uma imperfeição e pode tornar-se
até um pecado, pois a confissão frequente é o único meio para o cristão evitar
o pecado grave” (Sto. Afonso de Liguori, Teol. Mor., VI, 437).
Retirado do livro: Confessar-se: como? por quê?
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