Necessidade permanente de convivência
Parece que o mundo moderno
acentuou demais a importância da pessoa individual. O subjetivo tornou-se um
valor imprescindível. Em grande parte é isso mesmo. A auto-realização virou um
ideal de plenificação. Não podemos mais repreender uma criança quando ela diz:
“este brinquedo é meu”. É um estado de alma que permite fazer crescer a
auto-estima. Devemos achar isso certo. Mas com isso corremos o risco de realçar
o isolamento. Cada um carrega consigo uma propensão de se encerrar num círculo,
ao qual ninguém tem acesso. Quase nos tornamos anacoretas psicológicos. Não
seria o medo de alguém roubar a nossa felicidade? Na verdade tal atitude nos
empobrece. Não podemos ser corujas solitárias. (Ou você já viu um bando de
corujas?) Como filhos de Deus nós carregamos em nós uma tendência impossível de
anular. O Criador é um ser comunitário, porque vive na Trindade. “Façamos o
homem à nossa imagem e semelhança” (Gn. 1, 16). A nossa inclinação para a
convivência com o semelhante faz parte da nossa natureza.
Jesus, para fortalecer seus
discípulos na fé, reuniu-os em comunidade. A Igreja nascente, desde o começo, é
um ente comunitário. Já não sois peregrinos, mas concidadãos dos santos e
membros da família de Deus” (Ef. 2, 19). Por isso, a preocupação de São Paulo
foi de fundar comunidades em toda a parte. Desde cedo São Bento reuniu os
monges, que procuravam viver a perfeição cristã, em comunidades religiosas. Os
Bispos, sucessores dos Apóstolos de Cristo, reuniram os Fiéis em Dioceses e
Paróquias. Os próprios Leigos sempre aspiraram a agrupamentos para fortalecer a
fé, tais como Associações, Ligas, Congregações, Pastorais, Irmandades...”Ao que
anda sozinho o lobo pega”, diz o povo. Uma entidade, a Paróquia, parecia ter se
tornado um peso morto e inútil. Agora está voltando à vida plena, porque quer
dar um salto de qualidade. No Brasil, ela não é mais pensada como uma grande
comunidade, cujos membros se reúnem na Matriz. Mas se considera a mãe de
inúmeras outras pequenas comunidades: grupos de reflexão, círculos bíblicos,
associações, grupos de oração, capelas, visitadores domiciliares,
evangelizadores...A Paróquia renovada é a mãe que reúne todos os filhos da
grande família.
Dom Aloísio Roque Oppermann
Colunista do Portal Ecclesia.
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