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O Papa emérito Bento
XVI foi quem convocou a vivência do Ano da Fé, iniciado em 11 de outubro de
2012, quando se celebrava o cinquentenário da abertura do Concílio Ecumênico
Vaticano II. Uma data relevante para a vida e missão da Igreja na sua tarefa de
fazer de todos discípulos e discípulas de Jesus. O grande propósito deste Ano da
Fé foi exatamente a oportunidade para um aprofundamento, compreensão e vivência
da fé como experiência de encontro pessoal com Jesus, única pessoa que pode dar
à vida, de maneira duradoura, um novo horizonte e, com isto, como afirmou o
Papa Bento XVI, na sua Carta Encíclica Deus é Amor, uma direção decisiva.
O bem-aventurado João
Paulo II, na sua Carta Encíclica sobre a Fé e a Razão, introduz esta temática
sublinhando que “a fé e a razão são como duas asas pelas quais o espírito
humano se eleva para a contemplação da verdade”.
João Paulo II completa
lembrando-nos que “foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de
conhecer a verdade e, em última análise, de conhecer a Ele, para que o
conhecendo e amando-o, possa também chegar à verdade plena sobre si”.
A razão é uma alavanca
decisiva no caminho da vida humana, na vivência da história, na construção da
sociedade. É convincente e fácil de perceber, analisando a história, que os
descompassos da humanidade vieram das irracionalidades. Basta pensar sobre
guerras, exclusão social, manipulações e totalitarismos.
Determinante também é o
dom da fé. Sua profunda compreensão e sua vivência qualificam a cultura,
corrigem os rumos da história e iluminam o caminho da humanidade,
proporcionando a experiência de sentido que faz a vida valer a pena, ser
construída com dignidades e altruísmos insuperáveis.
O dom da fé é uma
experiência que avança para além da razão, na sua notável propriedade de
alcançar lucidez para encontrar soluções.
A luz da fé permite
lidar com questões que estão inevitável e inexoravelmente no horizonte da
existência humana: “Quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Por que existe
o mal? O que existirá depois desta vida?” Somente a fé permite lidar com o
mistério que estas interrogações tocam, proporcionando uma compreensão
coerente.
Esta consideração
convence de que a fé não se reduz a simples sentimento. Também não pode ser
compreendida como um caminho que simplesmente traz soluções imediatistas, para
desgastes existenciais comuns na contemporaneidade. Menos ainda deve ser
buscada como produção de experiências milagreiras, promessa de mesquinhas
prosperidades e clamorosas manipulações, advindas do usufruto irracional das
fragilidades humanas.
Este Ano da Fé,
relembra o Papa Francisco, na sua primeira Carta Encíclica, permitiu viver,
cotidianamente, o empenho para recuperar o caráter de luz que é próprio da fé.
O Papa lembra que quando esta luminosidade se apaga, todas as outras luzes
acabam por perder o seu vigor.
A fé é o caminho para o
amor, que verdadeiramente transforma a vida. É hora de investir na vivência
autêntica, profética e comprometida da fé, na cultura da paz, apelo e meta no
encerramento deste ano especial.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte
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