A riqueza que nos aliena dos bens do Reino
Os versículos anteriores aos da parábola nos
deixam a impressão de que os fariseus amam o dinheiro e exaltam em seus
corações o que é detestável aos olhos de Deus. O que é um momento pobre para os
fariseus é, na verdade, um grande momento, pois é um tempo em que todo homem se
esforça por entrar no Reino de Deus, pela obediência à Lei. O que Jesus está
tentando fazer ver aos fariseus é que, num tempo onde os meios para entrar no
Reino de Deus estão na Lei de Deus, eles correm o risco de abraçar, não a Lei,
mas o que é abominável aos olhos de Deus.
É sobre este pano de fundo que Jesus conta a
parábola do rico e de Lázaro, em que se vive a vida como se a Lei não impusesse
obrigações com relação ao próximo, como; “Amarás o teu próximo como a ti
mesmo.”
O pecado do rico consiste em ter um coração
insensível em face do sofrimento do outro. As festas esplêndidas e a
preocupação com o vestuário ocupavam-lhe o tempo, impedindo-o de ver o pobre
Lázaro, faminto, diante de sua porta.
A realidade histórica repercute na eternidade.
A insensibilidade terrena do rico valeu-lhe a impossibilidade de Abraão
atender-lhe o pedido quando se mostrou sensível em relação aos próprios irmãos
transviados.
A parábola alerta os discípulos do Reino no
tocante ao trato com o semelhante, mormente os Lázaros da vida. O rosto do
outro deve continuamente interpelá-los. O desprezo pelo outro compromete o
cumprimento dos mandamentos. Da região dos mortos, o rico compreende que é a
obediência à Lei o meio de entrar no Reino de Deus, por isso ele pede a Abraão
que envie Lázaro aos seus irmãos para alertá-los. Mas Abraão insiste que eles
já têm os meios: Moisés e os Profetas, isto é, toda a Escritura, que é preciso
ouvir. Se eles rejeitam esse meio, rejeitarão também Lázaro, ressuscitado dos
mortos.
Cabe a eles, como também a cada um de nós
buscar os meios adequados, não quaisquer meios, mas os consignados na
Escritura, para entrar no Reino de Deus.A Lei e os Profetas são dados para esta
vida em vista do Reino de Deus.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Colunista do Portal Ecclesia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário