segunda-feira, 18 de novembro de 2013

REFLEXÃO DIÁRIA

O que sobra de uma ferida? Uma reflexão

No altar da vida, sempre temos um cálice a beber. Um de júbilo, outro amargo. Entre os muitos sentimentos que gerenciam nossa existência, certamente, o da ferida, ocupa um grande espaço no HD (disco rígido) de nossa consciência, sentimentos e coração. Esta tríade é a primeira a vislumbrar os efeitos imediatos da ferida. Como dói a consciência quando ferimos ou somos feridos; como ficam desestruturados nossos sentimentos com a ferida e como fica desiludido o coração com esta chaga, sobretudo, quando sangra pela ofensa ou o não ser compreendido. Por isso, o ser humano no seu hábitat não quer apenas ter a posteridade de um existir, mas viver com sentido. Entendendo a metodologia da ferida, fica mais fácil chegar à meta com este artigo. É comum se entender por ferida, o golpe mental ou emocional sofrido pela sensibilidade, orgulho, reputação, dor, mágoa, injúria, ofensa, agravo, assim atesta o Dicionário Aurélio. Por isso, todo o ser humano responde de forma diferente a cada necessidade, inovando em si uma estrutura de sobrevivência na trajetória histórica que lhe é oferecida enquanto vive. Todavia, diante das dificuldades da vida, sempre temos altos e baixos a enfrentar. No altar da vida, sempre temos um cálice a beber. Um de júbilo, outro amargo. Quando se trata da ferida, essa pode ser o terreno onde Deus pode edificar seu amor e misericórdia. Tratando-se do júbilo ou dor, o Onipotente sabe nos condecorar com suas consolações.
Nossa intenção não é oferecer à ferida, uma sedução de um algo extraordinário que precisamos passar para receber os bens do Céu. Simplesmente, queremos mostrar que essa chaga nos ajuda a entender graus tão sublimes e chegar a grandes conclusões de fidelidade ao Evangelho. Assim sendo, acredito que muitos de nós, para não dizer todos, já tivemos este sentimento nas mais variadas situações da vida, desde o desespero à aceitação, dando luz ao amor e sacrifício, em Honra e Louvor ao que vivenciou as dores do mundo inteiro, Jesus Cristo. Suas palavras postadas em fatos, parábolas e acontecimentos vivenciam isso. Textos bíblicos asseveram essa verdade: “A mulher adultera (Jo 8, 1-11); a cura dos leprosos (Jo 17, 11-19); o possesso mudo (Mt 9, 32-43) e tantas outras provas bíblicas. Diante do influxo de exemplos da Sagrada Escritura e, não obstante os eletrocardiogramas da vida, não devemos nos reservar ao mérito, ao negativismo, à mediocridade e ao extremo de dizer: “Deus se esqueceu de mim”. Diante desta realidade peço a você que exercite a arte de nunca desanimar arquitetando o desejo de ser um alpinista corajoso que não se detém no caminho para poder contemplar a beleza do céu no mais alto do que você é em sua personalidade e caráter. A ferida nos ensina a ser gente e a ver o outro igualmente.
Se por um lado vemos Jesus curando, por outro vemos com singular glamour o Livro Sagrado, a Bíblia, o grande best-seller de todos os tempos, impulsionando-nos a ver as feridas, e por meio delas, Jesus entrando no coração de tanta gente, favorecendo-lhes, o perdão dos pecados (Lc 7, 36-50; 8, 2-3); a paciência em os restabelecer (Lc 21, 19; Rom 5, 3-4; Cor 6, 3-4; Gál 5, 22); quebrando o orgulho dos que dizem que não tem mais jeito (Mt 23, 12; Lc 1, 51; Tg 4, 6. 16); ensinando com parábolas que é possível se santificar por muito grande ou pequena que seja a nossa penalidade (Lc 16, 1-9; Mt 18, 12-13; Lc 15, 11-32; Lc 17, 11-19), proporcionando condições de que, para Deus, tudo é possível. Precisamos correr atrás da esperança. A utopia nos leva a marchar. Cada um precisa ser promotor do seu próprio existir. A busca de querer curar nossos descontentamentos nos preenche mais que a dor que eles nos proporcionam. Sua vontade e garra já certificam que não importa o tempo que vai perdurar a cura, o resultado está no primeiro passo que você dá. Deus já está agindo em você. Sua misericórdia espera-o. Seus braços estão abertos para acolhê-lo e suas palavras prontas para lhe dizer: “vinde benditos de meu Pai” (Mt 25, 34). Quer biológicas, emocionais, ou espirituais, Deus entra no que lhe incomoda com seu óleo Santo para curá-lo (a). Espero que você grave essas palavras no seu coração. Em sua metodologia, Deus também entra pelas feridas. Pensemos nisso.
Cônego Manuel Quitério de Azevedo

Colunista do Portal Ecclesia.

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